Duas mortes podem ter sido causadas por selfies e falta de coletes salva-vidas

Mulher de costas para a câmera levanta bebida enquanto está sentada a bordo de um barco.

As investigações continuam sobre as mortes de duas mulheres que retornavam de uma festa em um iate de luxo. O incidente aconteceu no Brasil, no final de outubro de 2024. Enquanto o inquérito continua, o chefe de polícia da cidade, Marcos Alexandre Alfino, revelou ao mídia local que alguns passageiros se recusaram a usar coletes salva-vidas enquanto tiravam selfies – e o barco que os transportava de volta à costa estava sobrecarregado.

“Alguns não queriam usar coletes salva-vidas porque ficavam tirando selfies. Diziam que atrapalhavam o bronzeamento”, conta Alfino, com base no depoimento do capitão do barco menor.

O incidente gerou um debate sobre colocar 'curtidas' nas mídias sociais acima da segurança. A decisão de recusar coletes salva-vidas destaca como a obsessão em capturar a imagem perfeita pode levar a uma tomada de decisão ruim e, às vezes, a consequências fatais, diz um site de notícias. No entanto, como qualquer pessoa envolvida na indústria marítima sabe, há aqueles que optam por ficar sem coletes salva-vidas a bordo, citando uma infinidade de razões (usando um "quando precisam").

O barco de transporte afundou com sete pessoas na Garganta do Diabo, em São Vicente.

Alfino diz que o barco poderia levar cinco pessoas, mas o contratante insistiu que o capitão levasse seis. E, durante a viagem, o grupo pediu para mudar o destino para São Vicente, onde ocorreu o incidente.

O barco foi atingido por uma onda enorme que era pesada demais para surfar, e começou a afundar. O capitão disse à polícia que tentou ajudar a todos, mas enfatizou que só conseguiu tirar alguns dos sobreviventes do mar.

“Tudo isso está sendo investigado com muita calma para que possamos concluir... se houve alguma conduta baseada em imprudência e negligência”, diz Alfino.

Duas mulheres morreram, outras cinco pessoas sobreviveram. As mulheres que morreram foram identificadas como Aline Tamara Moreira de Amorim (foto acima e aparentemente uma não nadadora) e Beatriz Tavares da Silva Faria.

Vanessa Audrey da Silva, uma das integrantes do grupo, contou imprensa que a festa envolveu andar de jet ski, tomar uns drinks e passar o dia no Guarujá. O grupo se dividiu em dois barcos menores para se encontrar em São Vicente e retornar a Santos por terra.

Da Silva estava a bordo do barco menor que foi atingido por uma onda grande. Ela diz que se agarrou a um colete salva-vidas com uma mulher que ela não conhecia. Então ela conseguiu se segurar nas pedras no fundo da Ilha Porchat e gritar por socorro.

“Chegou um ponto na água em que ninguém conseguia ver ninguém”, diz da Silva.

“As ondas eram tão fortes que quase morremos. Não sabíamos nadar”, disse Camila Alves de Carvalho, que também estava no barco menor, à mídia.

“Sabíamos que não aguentaríamos muito mais, machuquei meu pé e engoli muita água. Nossa solução foi nos jogar nas pedras.”

No entanto, um transeunte viu as mulheres. O Corpo de Bombeiros local enviou três veículos para ajudar nas buscas e a Marinha do Brasil enviou uma embarcação para auxiliar.

Enquanto cinco pessoas foram resgatadas, duas mulheres desapareceram. Seus corpos foram encontrados no final daquela semana, uma em uma área próxima ao Emissário Submarino de Santos, a outra em Itaquitanduva, entre as praias do Parque Xixová, em São Vicente.

A Garganta do Diabo, região onde ocorreu o acidente, fica entre a Ilha Porchat e o Parque Estadual Xixová-Japuí, em São Vicente. Ela atrai surfistas por causa das ondas, mas esconde diversos perigos devido às fortes correntes que atingem a área.

Esta não é a primeira vez que a vaidade é culpada por acidentes em barcos. Um grupo de turistas deu um mergulho não planejado nas águas geladas de um canal de Veneza quando sua gôndola virou depois que eles se recusaram a sentar e parar de tirar selfies. O incidente ocorreu quando a gôndola passava por baixo de uma ponte no Rio de la Verona, uma manobra difícil que requer equilíbrio máximo do peso a bordo. No entanto, este incidente não terminou em uma trágica perda de vidas.

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